Abaetetuba está sediando, entre os dias 9 e 11 de abril, a Oficina Regionalizada de Capacitação sobre Hepatites Virais, promovida pela Secretaria de Estado de Saúde Pública do Pará (SESPA), com o apoio da Prefeitura, por meio da Secretaria Municipal de Saúde. O evento reúne profissionais da saúde de dez municípios que integram o 6º Centro Regional de Saúde (CRS) do Baixo Tocantins e tem como objetivo fortalecer a resposta da rede pública no enfrentamento às hepatites virais — doenças silenciosas, mas com grande impacto na saúde coletiva.
A capacitação, realizada na Faculdade de Ciências Médicas (AFYA), é voltada a agentes comunitários de saúde, enfermeiros, equipes do CTA/SAE, vigilância epidemiológica e imunização. O foco é atualizar os profissionais sobre os protocolos mais recentes de prevenção, diagnóstico e tratamento das hepatites B e C, além de promover a integração entre os serviços da rede municipal e regional.
A iniciativa está alinhada ao Guia de Eliminação das Hepatites Virais no Brasil, documento pactuado pelo Ministério da Saúde com estados e municípios, que estabelece como meta a eliminação das hepatites virais como problema de saúde pública até 2030. As metas incluem diagnosticar 90% dos casos, tratar 80% das pessoas infectadas e reduzir em 65% a mortalidade relacionada à doença.
Segundo João Victor Lima, técnico da Coordenação Estadual de Hepatites Virais da SESPA, a escolha de Abaetetuba como cidade-sede se deu por sua posição estratégica e pela diversidade de contextos presentes em seu território. “A proposta é garantir a integralidade do cuidado, articulando áreas como atenção primária, saúde da mulher, imunização, vigilância e laboratório. A capacitação busca preparar a rede para oferecer uma resposta mais efetiva aos casos de hepatites virais”.
No primeiro dia, cerca de 200 agentes comunitários de saúde participaram de palestras e oficinas voltadas ao papel transformador desses profissionais, que atuam diretamente nas comunidades e são peças-chave na detecção precoce de casos. Já o segundo dia, realizado nesta quarta-feira (10), trouxe discussões técnicas com enfermeiros e equipes especializadas, abordando temas como transmissão vertical, estratégias de imunização, integração da atenção primária e o papel dos laboratórios no fechamento do diagnóstico.
A coordenadora do CTA/SAE de Moju, Iva Nátaly, ressaltou a importância da capacitação contínua para garantir um atendimento atualizado e de qualidade. “Com as mudanças nas normativas e protocolos, é essencial que os profissionais estejam em constante atualização. Capacitações como essa fortalecem os serviços e, principalmente, melhoram o cuidado prestado à população”.
Em Abaetetuba, o atendimento é garantido integralmente pelo SUS. Quando alguém realiza um teste rápido — seja em uma UBS ou ação de saúde — e tem resultado positivo, é imediatamente encaminhado ao CTA/SAE, onde passa por uma nova testagem e exames mais específicos, como sorologia, biologia molecular e carga viral. A partir daí, o tratamento é iniciado. No caso da hepatite C, a cura pode ocorrer em até 12 semanas. Já para a hepatite B, o tratamento é contínuo.
De acordo com Rômulo Chagas, coordenador do CTA/SAE de Abaetetuba, um dos maiores desafios é garantir o diagnóstico precoce e a adesão ao tratamento. “Acolher o paciente, realizar os exames corretos e garantir o início e a conclusão do tratamento são etapas fundamentais para evitar complicações graves, como cirrose e câncer de fígado”.
A oficina reforça ainda o compromisso com os objetivos da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU), que incluem a eliminação das hepatites virais como problema de saúde pública. O Ministério da Saúde, por meio de portarias recentes como a GM/MS nº 5.631/2024 e a SECTICS/MS nº 14/2024, tem ampliado os recursos e atualizado os protocolos para fortalecer essa estratégia em todo o país.
O encerramento da oficina está previsto para a quinta-feira (11), com foco na qualificação da notificação via sistema SINAN, ferramenta essencial para o monitoramento epidemiológico e o planejamento de políticas públicas. A programação também inclui uma reunião técnica entre os municípios participantes e os órgãos estaduais, com o objetivo de definir estratégias conjuntas de enfrentamento às hepatites virais.
Participam da oficina representantes dos municípios de Abaetetuba, Acará, Baião, Barcarena, Cametá, Igarapé-Miri, Limoeiro do Ajuru, Mocajuba, Moju e Tailândia.
Texto: Ramon Pinheiro- Ascom/PMA.