Durante cinco noites, de 16 a 20 de junho, Abaetetuba viveu um verdadeiro encontro de gigantes da cultura popular. O Festival Junino Municipal 2025 transformou a cidade em um grande arraial, reunindo quadrilhas das zonas urbana, rural e ribeirinha em apresentações marcadas por emoção, pertencimento, fé e consciência ambiental.
O Ginásio Municipal Hildo Carvalho foi o palco principal da festa, que contou com uma estrutura moderna, decoração vibrante e uma programação inclusiva, voltada para públicos de todas as idades. No total, se apresentaram 13 quadrilhas mirins e 7 adultas, levando ao público narrativas envolventes que emocionaram e encantaram.
Desde a entrada até a praça de alimentação, o ambiente estava decorado com bandeirolas coloridas. Dentro e fora do ginásio, o clima era contagiante: na área externa, a praça de alimentação recebeu cobertura e ganhou um telão de LED, que transmitia ao vivo as apresentações para quem preferiu curtir saboreando as comidas típicas do Pará ou acompanhando os shows no Palco Samaúma, instalado no espaço de convivência.
A valorização da diversidade foi um dos pontos altos do evento. Além da tradicional Miss Simpatia, também foram eleitas a Miss Negritude e a Miss Diversidade. Um dos momentos mais tocantes foi a apresentação do grupo da melhor idade do CCPI, que emocionou a plateia com sua energia e delicadeza.
“A estrutura esse ano nos trouxe muitos benefícios, principalmente aqui na praça de alimentação, que agora está bem desenvolvida, coberta, aconchegante”, afirmou Jaqueline da Silva, empreendedora que atuou nas barracas de comidas típicas. “É muito importante pra gente que trabalha com música, porque gera mais visibilidade, principalmente pra quem vem de fora conhecer nosso festival”, disse Fabinho Sertanejo, cantor que participa há cinco anos do evento.
“É muito importante a gente ser reconhecido pela nossa arte. A estrutura só melhora, o festival só cresce”, comentou Adriana Lobato, Miss Simpatia da quadrilha Raízes de Abaeté. “Além disso, nossas quadrilhas estão saindo do município para competir em outras cidades. O apoio da prefeitura é fundamental e a gente fica muito agradecido por esse reconhecimento.”
“É sempre uma emoção muito grande quando a gente bota o pé nesse ginásio e vê que está lotado de gente, nossa torcida gritando, vindo nos apoiar”, declarou. emocionado,. João Araújo, brincante da quadrilha Flor da Terra. “Uma emoção que só quem dança quadrilha entende. Vir mostrar nosso trabalho, nossa cultura, não tem nada igual.”
“Eu vim prestigiar esse evento que é tão especial pra nossa cidade. A finalidade é essa: que essa tradição perpasse de geração pra geração. A organização está de parabéns”, elogiou o professor Benedito Pantoja. “É isso que a população quer, e a gente merece um evento como esse.”
Na última noite, antes mesmo do anoitecer, o público já chegava para garantir um bom lugar na arquibancada. A vibração das torcidas, com bandeiras, faixas, cartazes e gritos ensaiados, tomava conta do ginásio. Era a cultura ocupando, com orgulho, o coração do povo.
A grande campeã do campeonato de quadrilhas foi a Raízes de Abaeté, com o tema “O lamento da terra: das raízes de Abaeté pela vida na Amazônia”. A apresentação levou o público a uma imersão na ancestralidade e nas lendas amazônicas, com personagens como o Curupira, a Cobra Grande e a mulher ribeirinha quilombola. Augusto Neves, marcador da quadrilha, foi premiado como melhor marcador do festival, ao interpretar o Pajé da Amazônia: guardião dos ancestrais, curador de almas e espírito que dança e resiste.
“Essa manifestação cultural só é possível graças a esse trabalho integrado das secretarias. A gente tem que pensar em tudo: desde a vacina nos quadrilheiros, às medidas de segurança, ao trabalho maravilhoso da Fundação Cultural”, ressaltou Francineti Carvalho, prefeita de Abaetetuba, ao falar sobre o esforço coletivo da gestão municipal para a realização do evento. “Quero agradecer a presença de todas as pessoas, mas, de maneira especial, aos nossos quadrilheiros, coreógrafos, marcadores, misses, brincantes.” Francineti enfatizou, ainda, a importância dos integrantes das quadrilhas para o fortalecimento das raízes culturais: “São vocês que trazem a beleza, a riqueza cultural para esse quadrilhódromo e mantêm viva essa tradição que eleva a estima do nosso povo.”
“A gestão municipal entende que a cultura é uma grande manifestação que pode levar o nosso povo para o caminho do fortalecimento da economia e da valorização também do profissional, do agente cultural”, salientou Fausto Fernandes, diretor da Fundação Cultural.
Realizado pela Prefeitura de Abaetetuba, com coordenação da Secretaria de Administração e da Fundação Cultural, o festival contou com apoio de diversas secretarias municipais, além do suporte da Defesa Civil, forças de segurança e da Secretaria de Saúde, que garantiu vacinação e testagem rápida à população.
Texto: Ramon Pinheiro/ Revisão: Naldo Araújo.