Com o tema “Abaetetuba sem trabalho infantil”, o projeto MPT nas Escolas reuniu, nesta terça-feira (25), cerca de 300 estudantes da rede municipal em um evento marcado pela valorização da educação e da criatividade como ferramentas de conscientização social. A iniciativa, fruto da parceria entre a Prefeitura de Abaetetuba, por meio da Secretaria de Educação, e o Ministério Público do Trabalho, envolveu 24 escolas das zonas urbana, rural e ribeirinha, com foco na prevenção e erradicação do trabalho infantil.
Voltado a alunos do 4º e 5º ano, o projeto incentivou a produção de trabalhos autorais nas categorias conto, poesia, desenho e música. Dos 73 finalistas, 12 estudantes foram premiados com notebooks, bicicletas e kits escolares. Os trabalhos foram elaborados por crianças de até 10 anos, com o apoio de seus professores, mas sem interferência direta na autoria, respeitando critérios como originalidade e fidelidade ao tema.
“Em casa sempre conversamos que a criança deve estudar. Não significa que ela não possa ajudar com pequenas tarefas, mas é importante entender que cada fase tem seu tempo”, disse Cileide dos Santos, mãe do estudante Carlos, vencedor da categoria desenho. “Agora é o momento de brincar, aprender e desenhar, que é o que ele ama”.
Durante o evento, os trabalhos finalistas foram exibidos em um mural aberto à visitação, emocionando pais, professores e autoridades presentes. Todos os professores e equipes gestoras que participaram do projeto também foram homenageados com placas de reconhecimento pela dedicação à causa.
“Essa iniciativa fortaleceu o vínculo entre escola e comunidade”, afirmou a professora Emiliane Marques de Souza, da Escola Deocleciana Pereira de Araújo, no ramal do Pirocaba. “Foi uma oportunidade de refletirmos sobre os direitos das crianças e mostrarmos, com clareza, como o trabalho infantil compromete o desenvolvimento delas”.
“Com essa parceria, trouxemos atividades e conversas importantes para que vocês entendam o que é o trabalho infantil”, destacou a prefeita Francineti Carvalho sobre a importância de ações educativas no combate às violações da infância. “O lugar da criança é na escola, brincando, aprendendo e sonhando com o que quer ser no futuro”.
Também participaram do evento o secretário de Educação Jefferson Felgueiras, representantes do Conselho Municipal de Proteção da Criança e do Adolescente, Conselho Tutelar e membros da Comissão Municipal de Erradicação do Trabalho Infantil.
“Queremos formar cidadãos conscientes, capazes de transformar a realidade”, ressaltou Jefferson Felgueiras, ao falar sobre o papel da educação no enfrentamento ao trabalho infantil. “Que essas crianças possam ter a missão mais nobre de todas: construir um futuro melhor, com menos violência e mais justiça”.
“Eu aprendi que as crianças não podem trabalhar e que todas têm direitos e deveres”, contou a estudante Eduarda Costa, de 10 anos, da EMEIF Comandante Germano, mostrando maturidade ao refletir sobre o tema. “Eu ajudo lá em casa lavando minha louça, isso pra mim é normal, mas trabalhar como os adultos nas ruas não é certo. Isso já é direito dos nossos pais”.
“Nós seguimos um edital municipal alinhado ao regulamento nacional. Os trabalhos precisavam ser autorais, inclusive as músicas. Paródias não eram permitidas”, explicou a coordenadora local do projeto MPT nas Escolas em Abaetetuba, Regiane Barretos. “Os professores atuaram como orientadores, mas todo o conteúdo foi criado pelos alunos.”
Os estudantes que conquistaram o primeiro lugar em cada categoria irão representar Abaetetuba na etapa estadual do prêmio, prevista para o segundo semestre de 2025, em Belém.
Texto: Ramon Pinheiro/ Revisão: Naldo Araújo.